
A Universidade Federal Fluminense (UFF), em parceria com a Fundação Euclides da Cunha (FEC), conduziu um projeto inovador de telemonitoramento para pacientes com doenças crônicas após a alta hospitalar. Focado em usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), a proposta apresentou resultados promissores, incluindo uma redução nas reinternações de pacientes com insuficiência cardíaca e diminuição de dias perdidos. Esta iniciativa preenche uma lacuna significativa no Brasil, onde a tecnologia em saúde está em ascensão, mas frequentemente carece de validação científica.
Para o reitor da UFF, Prof. Antonio Claudio Lucas da Nóbrega, a ação disponibilizada para pacientes com doenças crônicas após alta hospitalar é um exemplo brilhante de como o investimento em ciência e tecnologia impacta positivamente na saúde pública: ”Estamos orgulhosos de contribuir com programas como este, possibilitando o direito a um atendimento de qualidade, acessível e eficaz para todos os brasileiros”, comemora o reitor.
De acordo com o diretor-presidente da FEC, prof. Alberto Di Sabbato, “a parceria entre a UFF e o Ministério da Saúde propiciou vários projetos importantes, entre os quais este coordenado pelo prof. Túlio Franco. A FEC se orgulha de ter participado dessa iniciativa, prestando o seu apoio na gestão administrativa e financeira do projeto. Cumpre, desta forma, a sua missão de contribuir para a geração e difusão do conhecimento em prol da melhoria da qualidade de vida da população brasileira”, destaca o diretor-presidente.
O projeto utiliza uma gama de dispositivos tecnológicos, incluindo telefones e aplicativos móveis, para transmitir dados vitais dos pacientes em tempo real aos clínicos. O coordenador da iniciativa, professor Túlio Batista Franco, do Instituto de Saúde Coletiva da UFF, afirma que: “O telemonitoramento tem-se apresentado uma estratégia eficaz para o estabelecimento de melhorias na qualidade da assistência à saúde da população, articulado ao monitoramento telemétrico, interação por chat com Centro Clínico Virtual e Navegação por equipe hands-on, que atuam como recursos aliados”, disse o professor.
Para o estudo, foram selecionados pacientes recentemente hospitalizados com condições de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), especificamente Insuficiência Cardíaca (IC), Diabetes Mellitus (DM) e Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC). O objetivo foi melhorar a qualidade de vida desses pacientes, reduzindo as reinternações e visitas a serviços de emergência.
Embora haja várias opções de monitoramento disponíveis no mercado, o sistema da UFF foi projetado para atender especificamente às necessidades do SUS. Ele se destaca por usar aplicativos de celular para transmitir dados e manter contato com os pacientes, além de ser compatível com dispositivos médicos avançados como medidores de pressão arterial Bluetooth e oxímetros.
O projeto já mostrou impacto social significativo, possibilitando um acesso mais frequente e rápido da equipe médica aos pacientes, o que melhora a qualidade de vida e o autocuidado dos mesmos. Também contribuiu para aumentar o acesso a serviços de saúde, graças ao uso eficiente do telemonitoramento.
O estudo envolveu 230 pacientes em um ensaio clínico randomizado, e os resultados foram de grande impacto. “Em análise preliminar verificou-se que houve redução de 81,7% de reinternação para pacientes com Insuficiência Cardíaca, e redução de dias perdidos. Aqueles com Diabete Melitus tiveram redução de reinternações da mesma forma. Os dados confirmam a literatura internacional, que atribui melhorias aos pacientes que utilizam o telemonitoramento como dispositivo de continuidade do cuidado após internação hospitalar”, finaliza Franco.